Perdas crônicas e perdas esporádicas
Perdas crônicas e perdas esporádicas
Perdas crônicas ou esporádicas, antes de entrar no mérito precisamos entender o que significa algo crônico ou esporádico.
Crônico é um termo relacionado com o tempo, quando algo se repete constantemente por breves ou longos períodos de tempo. É com certeza algo não desejado, podendo ser considerado permanente ou não, e de difícil solução.
Esporádico é um termo também relacionado com o tempo, mas ao contrário de algo crônico, acontece de vez em quando, não comum, ou um evento em alguns casos. E quando acontece pode ser por longos períodos de tempo, parece não obedecer a nenhuma forma de previsão, casual, fortuito, eventual.
Perdas em máquinas e equipamentos
Em processos produtivos temos esses dois tipos de perdas, e as vezes não são tratadas sob essa visão de ser uma perda crônica ou esporádica. E isso faz muita diferença pois esses tipos de ocorrências precisam ser identificados e analisados.
O tema sobre esses dois tipos de perdas está muito associado à metodologia TPM onde trata, dentro outras coisas, sobre as grandes perdas em processos produtivos.
Mas para isso vamos entender primeiro o que são cada uma dessas perdas no meio produtivo.
Perdas crônicas
As chamadas perdas crônicas normalmente acontecem com pequenas paradas e repetidamente sem se saber ao certo o que as ocasionou. Ou seja, quando temos paradas, mas por várias vezes em pequenas ocorrências ou eventos.
Nessas paradas são realizados vários ajustes ou reparos para que o ativo volte a operar normalmente. Para esse tipo de perdas também consideramos além das pequenas paradas, a perda de velocidade.
As perdas crônicas são geralmente descritas como eventos pequenos, ocultos e complicados. Essa maneira de classificar as perdas crônicas trazem um entendimento de uma condição ou deterioração da máquina considerada não grave. São situações que geralmente não são ruins o suficiente para interromper o funcionamento da máquina. Tendo isso em mente, a ideia é continuar operando pois o ativo em questão “aceita” voltar a funcionar.
A principal característica de um evento crônico é o fator de frequência, acontecem repetidamente e para o mesmo modo de falha.
O problema é que nessas condições de perdas, continuar operando uma máquina sem resolver o problema é um erro. Isso pode levar continuamente a uma perda de velocidade e uma degradação cada vez maior de um problema oculto.
Vejamos algumas características das perdas crônicas:
- Normalmente são causadas por defeitos ou falhas ocultas;
- São sutis e difíceis de detectar;
- Surgem de condições que são percebidas como normais;
- Podem ter várias causas, que se somam;
- Quando se sabe qual o problema, é de difícil solução;
Por que as perdas crônicas podem ser negligenciadas?
- Não se faz a análise da causa raiz;
- Causa conhecida, mas a ação executada é ineficaz;
- O projeto do equipamento é complexo;
- Falta de treinamento é confundida com falta de experiência;
- As partes interessadas não estão trabalhando como uma equipe;
- Não é percebido o Padrão da falha/defeito (como, onde e quando);
- Causas potenciais são negligenciadas e não controladas.
Soluções para reduzir/eliminar as perdas crônicas
Por serem normalmente pequenas paradas e de rápida solução, as vezes o pessoal de manutenção e produção não se atendam ao volume dessas perdas. Baseado nessa premissa, o primeiro passo é fazer um mapeamento das ocorrências classificadas como crônicas.
Em seguida podemos entender o nível da perda usando o Gráfico de Pareto para elencar a sequência dos trabalhos. Fazer então uma minuciosa analise de falhas para cada evento, seguindo a lógica encontrada no Pareto.
Promover a realização das ações e controle dos resultados e realizar um mapeamento para possíveis replicação das ações. E não menos importante que todas essas ações, é envolver todas as áreas pertinentes à solução desses problemas.
Perdas esporádicas
Basicamente, as perdas esporádicas acontecem eventualmente e resolvidas se identificando o problema e a máquina voltando ao normal. Ou seja, é quando uma máquina quebra, se identifica o problema e se faz o reparo de imediato.
Normalmente esse tipo de ocorrência provoca uma parada de grande monta ou tempo para sua solução. A principal característica de um evento esporádico é que eles acontecem raramente, geralmente com um modo de falha.
Existe um mecanismo de falha em evolução que causou a ocorrência desse evento. As perdas esporádicas têm normalmente um grande impacto quando ocorrem.
Trazem grandes perdas de produção, de faturamento, e altos custos para sua solução. Portanto as perdas esporádicas não podemos dizer que são negligenciadas, mas seu evento precisa ser analisado.
Por se tratar de uma parada que pode envolver grandes perdas, também se aplica basicamente as mesmas soluções elencadas para as perdas crônicas.
Qual o nível de atenção para essas perdas?
A gestão de manutenção juntamente com os gestores das áreas produtivas precisam entender onde estão focando seus esforços. Independentemente das estratégias da Manutenção, como estão tratando esses dois tipos de perdas?
É importante ter uma visão estratégica sobre o tema, ter visão sobre os tipos de paradas: pequenas, médias e grandes (tempo). E as causas se concentram como? Usando o Diagrama de causa e Efeito para identificar isso.
A frequência da perda combinada com a sua severidade dá uma medida do dano e é útil para estabelecer a ordem em que as perdas devem ser removidas.
Essa classificação permite hierarquizar as perdas e tratar de sua solução de acordo com sua gravidade ou impacto na área produtiva.
Conclusão
É comum o pessoal das áreas envolvidas ficarem mais alertas a problemas grandes, pois eles parecem mais significativos. Como consequência, quanto menor o problema, maior a probabilidade de serem ignorados. O fato é que nenhuma dessas perdas devem ser aceitáveis e precisam ser identificadas, analisadas e resolvidas.
Temos muitas ferramentas e métodos de gestão para resolver isso, mas isso precisa ser feito de alguma maneira. Às vezes a questão pode envolver investimentos que não tem disponível, mas é preciso levantar a questão e propor soluções.
Esse é o papel básico da Manutenção e com certeza se pode gerar ótimos resultados quando existe a vontade explícita de querer resolver. Nem tudo é recurso financeiro, por vezes a questão é saber por onde começar e usar as ferramentas certas.
A manutenção pode até não resolver tudo, mas indica qual o caminho a percorrer para conseguir isso. Se algum tipo de recurso não é disponibilizado, faça o que se pode fazer com os recursos disponíveis, isso é fazer gestão.
E você da manutenção, como tem tratado as perdas de máquinas e equipamentos? Existe essa classificação do que é uma e outra? Ou não acha isso relevante?