Manutenção atuando no pilar MA
A Produção e a Manutenção devem trabalhar juntas
Manutenção – Em toda minha carreira profissional em áreas industriais sempre me deparei com uma situação não muito confortável nas relações entre a Manutenção e o departamento de Produção, isso em todos os níveis e porque isso insiste em acontecer?
O departamento de produção culpa a manutenção por deficiência no atendimento ou na qualidade dos serviços prestados e o departamento da Manutenção por sua vez culpa a Produção por mau uso e conservação das máquinas e equipamentos. Você meu caro leitor já passou ou tem passado por isso na sua empresa? Você teria uma resposta para esse tipo de situação?
Historicamente se criou a visão de que a Manutenção é um setor não produtivo e que só gera custos indesejáveis e para piorar as coisas temos normalmente os conflitos gerados com a Produção e tudo por um simples motivo, os objetivos na visão de ambos os departamentos são distintos.
A Produção foca em produtividade e a Manutenção em disponibilizar as máquinas e equipamentos para produzir. Então você poderia me questionar “Luis, mas esse não é o objetivo desses departamentos? ”
E eu lhe diria que sim, mas essas responsabilidades vão muito além disso. Na minha concepção com certeza essa visão é pequena e prejudicial para com o objetivo maior que é vender e faturar.
Com o TPM isso precisa mudar
A produção deve abandonar a mentalidade “eu opero e a manutenção repara”, e assumir a responsabilidade da máquina e evitar sua deterioração. Só então, a Manutenção pode aplicar apropriadamente as técnicas e estratégias de manutenção que assegurem uma manutenção eficaz.
A Manutenção por sua vez, deve descartar a ideia de que seu trabalho é simplesmente fazer reparos. Em vez disso, deve concentrar-se em medir e restaurar a deterioração de modo que os operadores possam utilizar a máquina com confiança e apoio.
Então ao implantar o TPM, essas áreas devem integrar seus esforços, é o único modo de criar um local de trabalho onde todos saem ganhando.
Atuação da Manutenção no desenvolvimento do pilar MA
Os pontos básicos a serem considerados de suporte ao pilar MA são:
Reparo das deteriorações e eliminação das causas de deterioração forçada.
Reparo das deteriorações
No início das atividades do MA, os operadores encontrarão diversos defeitos na máquina que deverão ser identificados por etiquetas, fixando a mesma no próprio local do defeito. Essas etiquetas são geralmente divididas em duas classes e identificadas por cores diferentes, vermelha e a outra azul.
Etiquetas vermelhas
São os defeitos encontrados pelo operador e que ele não tem condições para solucionar, então elas devem ser resolvidas pela área da Manutenção.
Etiquetas azuis
São os defeitos encontrados pelo operador e que ele tem condições para solucionar, então elas devem ser resolvidas pela área da Produção.
São três as providências básicas a serem tomadas pela Manutenção, visando apoiar o reparo das deteriorações:
- Ação rápida na resolução das etiquetas vermelhas, normalmente usa como meta mensal, 90% de solução das etiquetas colocadas.
- Elaboração de lições ponto a ponto (LPP), é uma forma de transmitir conhecimento através de pequenas informações, utilizar-se de desenhos, figuras ou fotos. Veja exemplo abaixo:
- Treinar operadores em pontos básicos de manutenção/lubrificação devido à falta de conhecimento dos mesmos. Sendo assim, a manutenção deverá proporcionar treinamento prático/teórico de elementos básicos aos operadores.
Eliminação das causas de deterioração forçada
A manutenção é quem implantará as melhorias que se dividem em duas fases: Aplicação de melhorias nos locais de difícil acesso e orientar as medidas contra as fontes de sujeira através do pilar MA.
Aplicação de melhorias nos locais de difícil acesso
A Manutenção dará respaldo ao pilar MA para execução de melhorias na máquina e todas essas mudanças idealizadas pelos operadores e que resultem na eliminação ou redução de perdas de produtividade.
Medidas contra as fontes de sujeira através da MA
As medidas para a realização de melhorias pelos operadores devem ser orientadas pelo pessoal da manutenção. Isso pode ser feito através de:
- Auxílio do levantamento das reais causas das fontes de sujeira.
- Analisando e indicando os elementos e materiais corretos à serem utilizados.
- Auxiliando a operação no estudo de custos/benefícios das melhorias.
- Auxiliando na implantação de dispositivos que facilitem a limpeza, Lubrificação e inspeção.
Pontos importantes para o pleno sucesso na implantação da MA
1- Treinamento introdutório:
Necessário que se faça treinamento de todos os envolvidos antes de iniciar as etapas de implantação da MA, para que compreendam o porquê da implantação.
2- O trabalho propriamente dito:
As atividades desenvolvidas não devem ser vistas como esporádicas. Estas atividades deverão ser inseridas como do próprio trabalho do dia a dia.
3- Execução rigorosa:
É extremamente importante a execução rigorosa de cada etapa, cortar caminho realizando as atividades de maneira incompleta fará com que o programa seja prejudicado e não trará os resultados esperados.
4- Princípio da prática:
Não deve se ater somente nas teorias do programa, deve-se ter como principal objetivo aprender e realizar na prática, ou seja, com as próprias mãos fazer acontecer e ver os resultados.
5- Segurança em primeiro lugar:
Nada pode justificar a pressa de se alcançar mais rapidamente uma etapa e deixar a segurança de lado. Mudanças em máquinas e equipamentos devem obedecer a todas as normas de segurança.
Conclusão
É notório que o sucesso do pilar da Manutenção Autônoma tem uma boa participação da área da Manutenção em algumas etapas do seu desenvolvimento.
O trabalho em conjunto dessas áreas da Manutenção e Produção no desenvolvimento dos seus pilares nessa metodologia TPM é de fundamental importância.
O sucesso do programa depende e muito do engajamento dessas áreas em conjunto com os pilares da Melhoria Específica e do pilar de Educação e Treinamento que falaremos em outra matéria.
Espero que tenham gostado dessas últimas matérias sobre o desenvolvimento do pilar MA, estrategicamente fundamental para o sucesso do programa TPM.
Fonte: SUZUKI, Tokutaro. TPM for Process Industries, Portland: Productivity Press, 1994. 388 p.
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