Graxas conceitos e aplicações

Luis Cyrino
14 jun 2015
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Conceitos e aplicações das graxas

Conceitos

As graxas são compostos lubrificantes semi-sólidos constituídos por uma mistura de óleo, aditivos e agentes engrossadores chamados sabões metálicos, à base de alumínio, cálcio, sódio, lítio e bário. Elas são utilizadas onde o uso de óleos não é recomendado. Os principais ensaios físicos padronizados para as graxas lubrificantes são:

  • Consistência – Dureza relativa, resistência à penetração.
  • Estrutura – tato, aparência.
  • Filamentação – Capacidade de formar fios ou filamentos.
  • Adesividade – capacidade de aderência.
  • Ponto de fusão ou gotejamento – Temperatura na qual a graxa passa para o estado líquido.

 Consistência das graxas

Consistência é uma medida de qualidade de graxas lubrificantes. O aparelho de ensaio para medir a consistência de uma graxa é o penetrômetro (cone penetrometer). Para medir a consistência usa-se um cone, um copo com o material a ser analisada e uma escala em 1/10 mm. O ensaio é feito com 25°C e mede-se, quantos mm o cone penetra na massa.

Em geral a penetração é feita em repouso, porém para verificar se a graxa é estável ao trabalho (amassamento), existe o ensaio com 60 ou 100.000 ciclos. Caso o material abaixe muito nestes ciclos de amassamento sua consistência é um indicador que o sabão ou espessante não resistem ao trabalho.

A consistência é indicada conforme tabela NLGI (National Lubricating Grease Institute). A classificação mais simples de consistência de graxa lubrificante é dividida em nove classes e medida como penetração trabalhada (60 ciclos).

Consistência de graxas

Classe de consistência         Penetração trabalhada (1/10 mm)
00                                              400 – 430
0                                                355 – 385
1                                                 310 – 340
2                                                265 – 295
3                                                235 – 255

Nota: O responsável pelo grau de consistência é mais da quantidade de espessante usado na fabricação do que a viscosidade do óleo básico.

Tipos de graxa e suas aplicações

Os tipos de graxa são classificados com base no sabão utilizado em sua fabricação e abaixo citamos algumas delas:

Graxa à base de alumínio:

Macia; quase sempre filamentosa; resistente à água; boa estabilidade estrutural quando em uso; pode trabalhar em temperaturas de até 71°C. É utilizada em mancais de rolamento de baixa velocidade e em chassis.

Graxa à base de cálcio:

Vaselinada; resistente à água; boa estabilidade estrutural quando em uso; deixa-se aplicar facilmente com pistola; pode trabalhar em temperaturas de até 77°C. É aplicada em chassis e em bombas d’água.

Graxa à base de sódio:

Geralmente fibrosa; em geral não resiste à água; boa estabilidade estrutural quando em uso. Pode trabalhar em ambientes com temperatura de até 150°C. É aplicada em mancais de rolamento, mancais de rodas, juntas universais etc.

Graxa à base de lítio:

Vaselinada; boa estabilidade estrutural quando em uso; resistente à água; pode trabalhar em temperaturas de até 150°C. É utilizada em veículos automotivos e na aviação.

Funções da graxa

Uma graxa de nível satisfatória para uma determinada aplicação deve cumprir os seguintes requisitos:

Reduzir a fricção e o desgaste dos elementos do equilíbrio, sob as várias condições de operação;

Proteger contra ferrugem e corrosão;

Evitar que poeira, água e outros contaminantes penetrem nas partes lubrificantes;

Não derramar, não gotejar e permanecer onde necessários nas partidas e nas operações intermitentes;

Manter sua estrutura e consistência durante um longo período de utilização;

Permitir livre movimento das partes móveis a baixas temperaturas e poder ser bombeada facilmente a essas temperaturas;

Possuir as características físicas desejáveis para fácil aplicação e manter essas características durante a armazenagem;

Tolerar certo grau de contaminação sem perda significativa de eficiência.

Conclusão

Para que todas as necessidades de lubrificação em geral é necessário se planejar para isso. Vejam no link abaixo uma matéria onde tratamos sobre o plano de lubrificação. Veja como podemos elaborar um bom plano e sua vital importância. Deixe seu comentário, sua opinião é muito importante.

Plano de Lubrificação de máquinas e equipamentos

Comentários

17 respostas para “Graxas conceitos e aplicações”

  1. Edmar disse:

    Muito bom este artigo técnico, tem alguma programação de cursos?

  2. Márlon disse:

    Excelente artigo! Parabéns pela iniciativa.

    • Luis Cyrino disse:

      Obrigado Márlon pelo feedback, me ajude a manter o site no ar curtindo outras matérias sobre a manutenção em geral e fique a vontade para sugerir temas e enviar outros comentários. Valeu.

      Luis

  3. marcos brandao disse:

    Há uma publicação de Carretero cujo livro chama-se lubrificação, onde na minha opinião é uma verdadeira bíblia sobre o assunto. João Lucena, da Shell, para que o conheceu sempre destacou essa importante obra. Olavo pires de albuquerque em sua obra sobre lubrificação, faz um levantamento da importancia da lubrificação (tribologia), onde o mesmo trata o assunto sobre o aspecto da dinâmica da lubrifcação, muito explicado e remendo a sua leitura para que possamos conhecer a dinâmica das forças.

  4. fabiano disse:

    Parabens . Realmente muito válido.
    Gostaria porem de sugerir bibliografia, embasamento técnico para mais informaçoes técnicas e diversifcar as aplicações.
    Eu faco uso de graxas para lubrificar borracahs de vedação de portas estanques em embarcações, porém nao sei qual a ideal.
    Gostaria de informações sobre graxas grafitadas e outros tipos e sua base.
    Grato

    • Luis Cyrino disse:

      Obrigado pelo feedback Fabiano. As matérias que publico são em formado de séries, por isso não tem todas as informações por exemplo, a respeito das graxas. Com essa intenção de ser mais didático possível e baseado em comentários dos leitores, vamos inserindo novos temas e com essa sua abordagem, estarei preparando uma matéria sobre seu questionamento. Mais uma vez, obrigado por participar e peço que se cadastre no site se ainda não o fez, assim receberá em primeira mão todas as postagens do blog inclusive essa que estarei preparando sobre o seu questionamento.

      Luis

  5. Consulta
    temos por ca um redutor de uma elevador que usa oleo castrol 320 sp, entretento o mesmo tem funga profundas apartir de uma das tampas. Pretedemos adicionar massa EP2 por forma a minimizar este facto,.
    Esta mistura pode trazer problemas ao redutor?

    • Luis Cyrino disse:

      Filipe essa ideia de misturar lubrificantes não é recomendado de forma alguma, no seu caso pode amenizar o problema mas não sabemos as reações entre as bases dos lubrificantes que são distintas e também pode gerar um aquecimento anormal no redutor. Eu recomendo em primeiro lugar descobrir a origem do vazamento, se o mesmo se dá pela orla da tampa ou pela vedação do eixo de saída. Se estiver acontecendo pela vedação são vários fatores que podem estar contribuindo para esse vazamento como vedação inadequada ou desgaste do eixo. Também sugiro que você identifique internamente se tem um “anel rebatedor” no eixo que normalmente fica montado bem próximo a vedação, isso ajuda bastante a evitar sobrecarga do óleo sobre a vedação. Espero que eu tenha ajudado com esses comentários.

      Luis

  6. Geovanne Costa disse:

    Muito excelente esse artigo!
    Foi muito útil para minha pesquisa.

  7. Huelder disse:

    Parabéns pelo artigo, demonstra de maneira simplificada a vasta gama de utilização da graxa.

    Sugiro, salvo engano meu, que corrija o nome do teste de ensaio de “consistência”, no artigo diz PENÔMETRO, e o que li em outros documentos, é PENETRÔMETRO.

    Grande abraço.

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Huelder, obrigado pelo comentário. Fiz umas pesquisas e você tem razão, segundo o site da NLGI o nome correto é “CONE PENETROMETER” que numa tradução mais lógica seria CONE PENETRÔMETRO. Não sei ao certo qual literatura vi esse nome PENÔMETRO mas tem isso em alguns materiais como da KLUBER por exemplo. Mas que bom que me alertou e buscando a veracidade das informações agora posso corrigir com um fonte bem confiável, a própria NLGI, grato mais uma vez.

  8. Juvenil de Souza Chagas disse:

    Parabéns pelo artigo. Excelente explicação sobre o assunto.

  9. Pierri disse:

    Parabéns pela postagem!!

    É de grande valia para quem está em busca de conhecimento técnico sobre lubrificantes…

  10. Leonildo de Moura de Oliveira disse:

    Excelente artigo.

  11. Jose Arthur disse:

    Tenho uma guilhotina, a IDEAL 3905, cujo eixo roscado foi contaminado: graxa e poeira. O eixo não gira nem por força. Como não sou mecânico teria grande dificuldade em desmontar esse eixo.
    Gostaria de uma sugestão sobre como amolecer esta graxa. Apliquei WD40 mas nada adiantou.
    Estou pensando em usar um soprador térmico… o que você sugeriria, por favor?

    • Luis Cyrino disse:

      O desengraxante que você usou deveria funcionar, graxa normalmente quando encrustada é difícil mesmo de ser retirada, mas o uso de desengraxante como o WD 40 é o mais indicado. Tente aplicar mais vezes e deixe agir por um tempo. Aquecer não seria indicado, pode danificar a rosca.

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