Estoque obsoleto de Manutenção

Luis Cyrino
8 jul 2018
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Estoque obsoleto de Manutenção

Obsoleto – Estoque obsoleto trata-se de itens já identificados como sem demanda futura, mas que ainda se mantém como itens ativos no estoque. Em âmbito contábil, significa um estoque mais antigo sem possibilidade real de uso, mas que tem seu valor financeiro contabilizado como capital de giro.

Os estoques possuem motivos para existir, porém, todo material parado onera o custo do produto além de ser propenso a se tornar obsoleto. Assim é imprescindível que haja uma gestão assertiva de cada item cadastrado no sistema, sua rotatividade e principalmente a real necessidade de fazer parte do estoque.

Estoque obsoleto de Manutenção

Normalmente a área de Manutenção tem um nível de estoque considerado alto devido a demanda de peças e componentes do seu parque de máquinas e equipamentos.

A possibilidade de ocorrer de um item se tornar obsoleto, se torna alto quando não temos uma gestão assertiva. Estoque obsoleto é um dentre outros problemas comuns de ocorrer nos estoques de Manutenção, é uma área altamente crítica e que merece toda a atenção.

Como um item se torna obsoleto?

Antes de mais nada, é preciso entender como um item do estoque pode se tornar como um item obsoleto. Tem várias situações que podem acontecer para que um item antes necessário, agora se torne obsoleto. Vamos elencar algumas situações onde podemos considerar um item obsoleto:

Falha na previsão de demanda

Na Manutenção o problema na previsão de demanda dos itens à serem cadastrados é realmente um grande dilema. A demanda de peças e componentes na manutenção sofre de muitas variáveis e isso possibilita que muitos itens possam ficar tempo demais ou de menos no estoque.

No caso da obsolescência pode ser definida como algum item “parado” no estoque por mais de dois anos. Nesse caso é necessária uma boa gestão do item para entender se realmente é necessário ter no estoque.

Avanços tecnológicos

Com certeza esse é um dos motivos mais comuns da obsolescência de itens de manutenção de máquinas e equipamentos. Ainda mais aqui no Brasil onde os ativos são usados além da sua capacidade de vida útil.

Ativos com mais de 10 anos de utilização com certeza já deixaram se ser fabricados com as mesmas tecnologias. As inovações fazem com que muitos itens sejam substituídos por modelos mais modernos e mais eficientes.

Nessa o seu estoque tem itens que já foram descartados e essa máquina ou equipamento não foi se atualizando. O ativo requer uma atualização tecnológica para se manter competitivo e itens podem se tornar obsoletos por isso.

Modificações e/ou melhorias

Comum também nos processos de modificações e melhorias de máquinas e equipamentos ser alterado a especificações de muitos itens. Quer seja esse processo ser feito internamente ou pelo próprio fabricante do ativo.

Toda modificação ou processo de melhoria deve ser alterado dentre outras coisas, os itens de estoque que fazem parte dessas modificações. As vezes lembramos de colocar no estoque os novos itens desse processo e esquecer dos que são cadastrados e fazem parte do sistema anterior.

Máquinas e equipamentos inativos

As empresas podem investir em novos ativos e uma ou outra máquina ou equipamento pode se tornar inativo. Pode acontecer se não ser feito o devido planejamento para essa transição e um ativo já depreciado ficar inativo (descartado).

E no estoque tem muitos itens que eram destinados especificamente para este ou aquele ativo que foi inativado. E agora, fazer o que com esses itens, agora definitivamente sem uso?

Como evitar a obsolescência de itens do estoque?

Como já mencionado neste artigo, a gestão dos estoques precisa ser assertiva para não acontecer de um item ficar obsoleto. Uma das maneiras eficazes é analisar a demanda ou giro dos itens de manutenção do estoque.

Essa análise nos permite identificar quais itens são potencialmente candidatos a se tornarem obsoletos. O período de não utilização de um item superior a dois anos por exemplo, é alvo de uma análise.

Máquinas e equipamentos não mais fabricados ou são modelos atualmente bem mais modernos dos que existem na empresa, também é alvo de análise.

Processo de desativação de itens

Uma das ações extremamente necessárias após a identificação de itens obsoletos é elaborar um processo de desativação desses itens do estoque.

A ideia é não permitir que a quantidade de obsoletos se torne grande demais e cause alguns problemas como volume financeiro que necessariamente se tornará uma despesa ao ser desativado do estoque. Outro problema é o custo em geral contabilizado de se manter em estoque itens já não utilizados.

Conclusão

O problema de itens obsoletos de manutenção é puramente falta de gestão desses sobressalentes. Todo esse problema começa a ser “construído” no momento do cadastro dos itens para estoque sem critérios.

E na sequência a falta de inventário, acompanhamento da demanda e falta de atualização das tecnologias embarcadas em máquinas e equipamentos.

Estoque é dinheiro parado em qualquer situação, agora na condição de item obsoleto é algo que não pode acontecer. É o mesmo que “comprar e não levar”, então convenhamos, acontecer isso é pura falta de gestão.

Comentários

8 respostas para “Estoque obsoleto de Manutenção”

  1. Almoxarife SC disse:

    Sou almoxarife de uma empresa a 1 ano e temos muitos itens obsoletos, estou fazendo um levantamento desses itens e já temos R$ 522.187,00 em material sem aplicação, o que fazer com este material agora?

    • Luis Cyrino disse:

      Olá meu caro leitor, obrigado pelo comentário. Vamos lá, essa é uma situação que precisa ser resolvida e pode ser feito isso de várias maneiras:
      1. O ideal é tentar negociar esses itens ou o maior número deles com fornecedores ou empresas que usam esses materiais agora obsoletos, para isso seria necessário entender quais são esses itens que no caso eu desconheço. Seria uma transação onde deve envolver a área de Suprimentos, as áreas que consumiam esses itens e o Almoxarifado.
      2. Se a opção 1 não é viável por qualquer motivo, esses itens deverão sair do estoque de forma gradativa e aos poucos pois seus custos entrarão como despesas ao serem requisitados para zerar o estoque. Logo cada item zerado é cancelado seu cadastro para não gerar pedidos novamente.
      3. Uma outra opção seria vender todo esse material (segregar por tipo de material) como sucata para que o prejuízo pudesse ser amenizado.
      4. E por fim, dependendo dos itens, fazer uma mescla das opções 1,2 e 3 para eliminar todo esse material do estoque. Isso pode ser feito de forma gradativa e realizado por meio de um planejamento das áreas envolvidas buscando a melhor maneira para que não onere demais as despesas do mês.

      Uma coisa é certa, você precisa fazer isso a qualquer momento, não tem saída. Caso precise podemos ajudar a desenvolver um plano para corrigir isso, já passei pela mesma situação e trabalhei com todas essas opções.
      Espero ter ajudado, abraço!!

  2. Vania disse:

    estou com um problema tenho muitas peças automotivas ,já nem sei o que fazer, comecei anunciar em um marketplace para ver se saem, isso desanima, alguma sugestão.

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Vania, esse é um problema muito grave nas empresas, a falta de controle sobre sobressalentes. Uma sugestão seria você mapear esses itens por tipo e fornecedores e tentar negociar com eles fazendo a troca por itens que você tenha consumo. Uma outra alternativa seria oferecer para empresas do ramo, isso funciona também. Na realidade você vai ter que se desfazer delas de alguma maneira, não se desespere, faça uma relação, mapeamento por tipo de peças e planejamento das ações de como oferecer esses itens. Pode demorar, mas você consegue!!!

  3. Silvio disse:

    Boa noite, considerando apenas o prazo, qual seria um tempo mínimo aceitável para que um item não estratégico fique em estoque sem movimentação/utilização, por exemplo: um ano, seis meses?,

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Silvio, considerando somente o prazo para itens não estratégicos (outros parâmetros deveriam ser considerados), acredito que não devem ultrapassar a 90 dias, passou disso é melhor reconsiderar se devemos ou não ter esse item no estoque. Mas como eu disse, somente o prazo pode levar a equívocos na hora de decidir entre ter ou não ter no estoque esse item. Para isso é importante verificar a rotatividade do item onde temos um cálculo para entender se o item é ou não viável manter em estoque. Veja este artigo no link abaixo que explica bem a sua dúvida.

      https://www.manutencaoemfoco.com.br/giro-dos-estoques-manutencao/

  4. Saulo disse:

    Olá! No caso de um material do estoque específico (ex.: peça sobressalente estratégica) NÃO ser obsoleto, mas necessitar de serviços de reparo / conserto devido a condições de armazenamento e/ou ações do tempo, qual a prática contábil/gerencial adequada a ser adotada? Isso seria um custo “normal” de manutenção a ser lançado no resultado? E qual o centro de custo mais adequado? Seria o CC em que seria aplicado o material ou seria no custo do almoxarifado, que é o responsável pela guarda dos materiais?

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Saulo, grato pelo questionamento. Já passei por situação do tipo e a solução encontrada pode ter duas vertentes. Contabilmente falando não tem como um item de estoque sair e um reparado voltar para a mesma localização do estoque (não se trata mais de um item novo e contabilmente são valores bem diferentes). O que poderia ser feito contabilmente é criar um item cadastrado como “XYZ reparado”. O valor contábil dele vai representar seu valor de fato, um item reparado de menor valor. Por exemplo: retirei do estoque um servo drive XYZ, valor contábil de estoque R$ 30 mil. O que saiu da máquina você mandou reparar e o custo do mesmo ficou em R$8 mil. Então ele pode voltar para o estoque no item cadastrado como “Servo drive XYZ reparado”. Seriam dois itens distintos no estoque com descrição igual mas sendo diferenciada pelo “reparado”. Nesse caso para não ficar gerando compra automática você pode deixar o “gatilho” de compra em modo manual para os dois itens, ou seja, o item novo saiu do estoque e agora está zerado, a gestão decide se dispara a compra de um novo ou aguarda o retorno do que foi para reparo. Outra solução seria a Manutenção assumir a guarda do item que saiu da máquina e colocar como despesa direta dentro do centro de custo da máquina que foi usado, e deixar o cadastro de item novo também como compra manual se for o caso. O problema nesse caso é que a máquina que usou o item novo vai ter na despesa o valor do novo e quando o outro retornar também “assume” essa despesa. Espero ter ajudado, qualquer coisa pode me retornar, abraço!!

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