Falhas funcionais – Manutenção moderna

Luis Cyrino
2 set 2022
0
1990

Falhas funcionais e a Manutenção moderna

As falhas funcionais é um dos tipos de falhas como já mencionado em outro artigo, tem sua variações e que precisam ser entendidas. É com base nesse entendimento que podemos definir as melhores estratégias para eliminar ou reduzir drasticamente sua incidência. E para que possamos entender essas falhas tomamos como base os estudos da aeronáutica americana a partir de 1960.

Esses estudos ao passar dos anos (12 anos) trouxe como resultado a metodologia da RCM focado nas forças de defesa dos EUA, hoje largamente utilizada por muitas empresas. E com base nessa metodologia, foram desenvolvidos os princípios (9) da manutenção moderna. São princípios que me parecem ser pouco conhecidos, ou se são conhecidos, pouco compreendidos.

E com base nessa premissa podemos dizer que também são muito menos aplicados no entendimento das falhas. E esses princípios de Manutenção Moderna são elencados com base nos ‘Fundamentos da Engenharia de Manutenção’, descrito no manual da NAVSEA – Naval Sea Systems Command.

Conheça a história do surgimento da RCM: RCM surgiu na indústria aeronáutica

Neste artigo vamos falar sobre um dos princípios chave nesse entendimento sobre o comportamentos das falhas. É o primeiro princípio do pensamento de uma manutenção moderna, é sobre o comportamento das falhas funcionais.

Falhas funcionais acontecem, primeiro princípio

Nem todas as falhas funcionais podem ser evitadas pela manutenção, pois algumas delas são resultado de eventos fora do nosso controle. São eventos aleatórios ou não planejados como variações ou quedas de energia elétrica por exemplo.

Sabemos que eventos como esse podem trazer consequência imprevisíveis em máquinas e  equipamentos. Existem falhas causadas por má qualidade de fabricação e que não podem ser evitados pela manutenção.

Ou mesmo estar relacionado a um projeto falho na concepção de uma máquina ou equipamento. Tem também falhas funcionais causadas por problemas operacionais por deficiência de algum ajuste ou regulagens.

Uma outra situação comum onde as falhas acontecem, são aquelas entendidas como de pouco impacto e custo. Simplesmente por via de regra, deixa acontecer e não dispensa esforços de tempo e dinheiro para evita-las.

Por inúmeros motivos nem todas as falhas podem ser evitadas, por serem aleatórias, imprevisíveis. As boas estratégias de manutenção não tentam evitar todas as falhas, trabalham para minimizar ao máximo suas ocorrências.

O paradigma de tentar evitar todas as falhas pode levar a estratégias de manutenção extremamente caros. E  que podem não são bem-sucedidos porque nem todas as falhas podem ser evitadas.

O importante é focar os recursos em falhas que podem ser evitadas, falhas conhecidas. Ou mesmo naquelas que sabemos que podem gerar altos custos de reparo e prejuízos por conta dessa interrupção do processo.

Falhas funcionais aleatórias

Segundo a “curva da banheira”, o período de vida útil é onde se concentram a maioria das falhas aleatórias. É o período de falha quase constante conhecido como “vida útil”, é nesse período que muitas das falhas ocorrem aleatoriamente.

E quando falamos simplesmente em falhas, estamos dizendo sobre todos os tipos e não somente sobre falhas funcionais. Mas o certo é que as falhas funcionais, que são perceptíveis, nem todas tem um padrão definido conforme os estudos da FAA. Por isso o primeiro princípio da Manutenção moderna relatada nesses estudos, enfatiza que nem todas as falhas podem ser evitadas.

RCM aliada a outras estratégias

Se nesse período de vida útil as falhas são predominantemente aleatórias, o que fazer para diminuir sua ocorrência? A estratégia seria adotar duas práticas coerentes entre si, que seriam:

  • Para padrões de falhas conhecidas, usar a RCM para definir as melhores estratégias de manutenção (preventiva, preditiva, etc.), e;
  • Para falhas aleatórias, sem padrão definido, conforme viabilidade, adotar estudos de análise de causa raiz e definir uma estratégia compatível.

Estratégia para falhas funcionais aleatórias

Nesses casos onde falhas funcionais acontecem de alguma maneira e são aleatórias, temos que adotar medidas se realmente forem necessárias.

Como enfatizado nesse primeiro princípio, essas falhas irão acontecer de alguma maneira e nem todas podem ser evitadas. Mas não é porque não podem ser evitadas, que não podemos adotar algumas medidas de combate a elas. Vejamos alguns exemplos:

  1. É o caso por exemplo de máquinas ou equipamentos que não se enquadram como criticidade alta (A). É necessário intervir com alguma estratégia que tenha custos adicionais ao padrão de atendimento desse ativo? Neste caso podemos adotar estratégias de inspeções específicas, treinamentos (operacional e/ou manutenção) se for o caso, ou mesmo melhoria local. Isso de acordo com cada tipo de falha funcional aleatória identificada e sempre com aquele questionamento, vale a pena?
  2. Um outro exemplo, é o caso de ter uma falha funcional causada por um defeito de fabricação de uma peça ou componente. Seria necessário uma avaliação preliminar para estabelecer ou não possíveis ações corretivas junto ao fabricante/fornecedor.

Conclusão

O que podemos concluir sem sombra de dúvidas é que as falhas funcionais acontecem e nem todas podem ser solucionadas definitivamente. Entender esse tipo de falha funcional é essencial para definir se dispensa ações ou se faz necessário agir nela.

A análise de riscos deve sempre contemplar essas análises juntamente com custos envolvidos. O que fica claro é que o entendimento por parte Manutenção falhas em máquinas e equipamentos é parte predominante para a solução de problemas.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *