MTBF – Mean Time Between Failures

Luis Cyrino
15 set 2017
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MTBF – Mean Time Between Failures

MTBF – Um dos controles básicos da área de PCM sem dúvida trata-se dos indicadores de desempenho da área de Manutenção. Dentre eles temos um indicador chamado de MTBF e considerado como KPI, ou seja, um dos indicadores chave do setor.

Numa publicação sobre Indicadores de Manutenção em nosso blog temos a explicação do uso e diferença desses termos, indicadores e KPIs, se tiver dúvidas vejam a matéria no link acima.

Entendendo o MTBF

MTBF no meio industrial significa o Tempo médio entre as quebras/falhas de uma máquina ou equipamento. Normalmente, um cálculo é feito para gerar um indicador da confiabilidade podendo ser da planta e/ou de cada ativo que se deseja medir.

O cálculo do MTBF é o total de horas produtivas sobre o número de quebras por um mesmo período, normalmente se usa períodos mensais. Precisamos, no entanto, entender alguns cuidados que devemos ter com o uso desse indicador que precisam ser abordados quando você faz um cálculo do mesmo.

Definição de quebra/falha

Para medir o MTBF, você precisa contar o número de eventos da quebra/falha. Mas algumas delas estão fora do seu controle e você não pode influenciá-las ou mesmo ter o controle sobre elas, como quedas momentâneas de energia que podem gerar problemas de paradas por falhas em equipamentos eletrônicos, ou acidentes externos que podem causar interrupções no fornecimento de energia, água, entre outros.

Outra definição importante é definir o que é quebra/falha e pequenas paradas, conceitos que vão definir por exemplo se uma parada de até 10 minutos será considerada uma “pequena parada” e não uma quebra/falha e assim não conta como um evento para cálculo do MTBF.

Outros conceitos importantes

No caso do cálculo do MTBF é importante deixar claro que algumas quebras/falhas que interrompem a produção podem não ser consideradas como um evento de manutenção, ou mesmo que seja, foi causado por fatores alheios à manutenção.

Por exemplo, um erro operacional ou mesmo uma matéria prima ou insumo com problemas que podem causar defeitos e interromper a produção. Ou seja, essas interferências na disponibilidade da máquina ou equipamento não devem contar como eventos de corretiva para o cálculo do MTBF.

Isso interfere sobremaneira no índice do indicador levando a falsas interpretações da efetividade dos serviços da Manutenção. Todos esses detalhes devem estar claros para todas as áreas, assim os valores medidos do MTBF serão mais confiáveis para efeitos de avaliações da manutenção.

Para ter sentido um cálculo de MTBF, você precisa saber quais são as quebras/falhas que serão consideradas no cálculo e quais não serão. E todos também precisam de alguma maneira entender por que essas escolhas foram feitas.

Definição do Tempo real de Operação

Você consideraria o “tempo de operação da máquina ou equipamento” para o cálculo do MTBF a qualquer momento em que ele estava ligado, ou apenas quando estava realmente em cargas de trabalho?

Se na fórmula desse indicador você incluísse todo o tempo de operação a partir do momento em que o mesmo estivesse ligado, e não apenas quando as peças estavam sob tensão trabalhando, seu valor do MTBF seria maior.

Mas esse valor do tempo médio entre falhas não seria representativo de outras máquinas por exemplo, que estão funcionando continuamente e que quase nunca estão ligadas, mas não em operação.

Você não pode usar o MTBF como um indicador para comparar o mesmo modelo de máquina ou equipamento, se estiverem sofrendo em diferentes situações de trabalho.

Para ter sentido um cálculo do MTBF você precisa saber a situação específica e os cenários operacionais que estão sendo medidos. Como tempo efetivo de disponibilidade, ou melhor dizendo, de operação, devemos considerar tudo o que não será considerado nesse tempo.

Tais como tempo de ajuste em marcha lenta (baixa velocidade), setup, intervalos de refeição ou troca de turnos, limpeza e lubrificação, entre outros. Todos esses conceitos e interpretações normalmente já fazem parte do cálculo do OEE e, portanto, são esses números de trabalho efetivo da máquina ou equipamento que deve ser considerado para o cálculo do MTBF.

Selecionando o que monitorar

Mais uma questão a considerar com relação ao MTBF é se você mede todo um processo ou mede máquinas ou equipamentos individuais dentro de um processo. Um processo completo sofre perda de MTBF cada vez que um de seus itens críticos “falha”.

Se você tiver um problema individual que derruba o desempenho do MTBF de todo o processo, o “individual” precisa ser destacado como a causa do mal desempenho do indicador.

As empresas que tomam toda a linha / processo em cálculos do MTBF muitas vezes lutam para obter um índice alto devido a alguma máquina ou equipamento falhando dentro do sistema que está sendo monitorado.

Essas empresas também precisam medir o MTBF da máquina ou equipamento de forma individual, para identificar o problema, por isso suas causas de quebra/falha podem ser abordadas e o problema ser resolvido tornando todo o processo mais confiável.

Como se proteger da armadilha de cálculo MTBF

Os cálculos desse indicador podem se tornar facilmente uma armadilha estatística, ou seja, um índice fabricado, cuidado com isso. Você nunca pode melhorar uma empresa se as pessoas falam ou fabricam mentiras sobre seu desempenho e escondem a verdade de onde os problemas realmente se encontram.

Para você obter os valores de MTBF como um KPI (Key Performance Indicator) confiável, os parâmetros devem ser entendidos e legítimos, ou seja, se os números atuais são ruins, vamos melhora-los, mas de forma a realmente corrigir os problemas e não mascara-los.

MTBF por categorias

Talvez como sugestão, poderíamos categorizar o cálculo do MTBF para melhor entender os problemas. Poderia ser relacionado por:

  1. Eventos de manutenção originados pelas máquinas e equipamentos,
  2. Eventos induzidas ou causadas pela operação;
  3. Interrupções externas que você não pode controlar, como energia ou falta de água;
  4. Problemas originados por defeitos de matéria prima ou insumos.

Conclusão

Como se pode notar no decorrer desta matéria, um indicador como o MTBF precisa ser entendido de várias maneiras. Alguns parâmetros precisam ser definidos e aceito por todos na empresa e não só pela Manutenção.

Ter um indicador para preencher quadros e fazer parecer que usa o mesmo para direcionar suas ações, é melhor não os ter. Indicadores foram criados para auxiliar as áreas de trabalho a entenderem o comportamento do que se está medindo.

Por isso enfatizo que todo tipo de indicador deve ter seu entendimento claro, objetivo e por fim, o mesmo fazer sentido de existir, simples assim. E você meu caro leitor, concorda com isso ou tem outros conceitos que possa compartilhar conosco?

 

 

Fonte: lifetime-reliability.com

 

Comentários

24 respostas para “MTBF – Mean Time Between Failures”

  1. Eu sou especialista em gestão da manutenção estou grato por esses materiais de excelência postado.

  2. Alexandre disse:

    Luiz, possuímos equipamentos robóticos que tem variações de atividades, digo, o tempo líquido está sempre mudando devido a cadência da produção, com isto em meses em que o equipamento trabalha pouco, acaba derrubando o MTBF mesmo sem quebra, pois a meta é fixa.
    Já viu algum caso assim?
    É possível criar uma meta flutuante?

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Alexandre, esse é o grande problema desse KPI, estar atrelado ao tempo de disponibilidade para produção que pode variar e bastante para algumas máquinas e equipamentos.É algo que não depende da manutenção e sim da sua programação para produzir. Acredito que uma meta flutuante não vai refletir um resultado adequado e verdadeiro, mas deve ser evidenciado nesses casos a influência da alteração da disponibilidade, seria uma justificativa verdadeira e aceitável. Mas sabe que você me despertou o interesse em identificar uma forma de evidenciar isso, acredito que tem uma maneira e se eu confirmar isso lhe envio o que tenho em mente.

  3. João Cerqueira disse:

    Olá, gostaria de alguma planilha para controle de MTBF e MTTR.

    Obrigado.

    Parabéns pelo blog.

  4. Franks Nadson disse:

    Muito bom o material e bem explicativo.
    Estou uma dúvida, se tiver uma linha de produção com vários equipamento, quando for calcular o MTBF, devo considerar apenas as horas operadas de fato do equipamento, ou o tempo total que deveriam estar quando solicitado a operar?

    • Luis Cyrino disse:

      Deve-se considerar as horas disponíveis para operação já descontadas as horas previstas como setups, paradas preventivas, horas de refeição entre outras que já constam no cálculo do OEE.

  5. Manutenção em ação disse:

    Muito Bom o material, bem explicativo.
    Tenho uma dúvida, devo considerar no MTBF as falhas degradadas que não levaram a perda da função principal do equipamento? outra pergunta: Um determinado equipamento possui 2 funções principais e uma delas falha por completo, porem no momento da operação aquela função não era requerida a duvida é se esta falha deve ser computada no MTBF?

    • Luis Cyrino disse:

      Para a Manutenção o cálculo do MTBF se baseia na totalização de horas disponíveis e efetivamente trabalhadas pelo ativo e o número de quebras, simples assim. Qualquer perda de velocidade devido a problemas de manutenção mas que não leve o ativo a parar totalmente (quebra) vai influenciar o resultado do MTBF indiretamente quando a produção faz o apontamento dessa baixa velocidade como uma perda e isso afeta diretamente o total de horas trabalhadas, entendeu?

  6. Lucas disse:

    Uma manutenção corretiva planejada, deve ser considerada uma quebra/falha na sua opinião?

    • Luis Cyrino disse:

      Não considero uma quebra pois a máquina ou equipamento não deixou de operar mesmo que tenha uma certa limitação com o problema que foi encontrado. A quebra somente é considerada quando o ativo pára totalmente. É importante sempre a Manutenção entender a diferença entre uma quebra e uma falha que são conceitos diferentes.

  7. Daniel disse:

    Parabéns pela iniciativa em disseminar conteúdos de manutenção!

    Minha dúvida é em relação ao MTBF pós Manutenção Preventiva, muito se fala “depois da manutenção preventiva a máquina tá com mais problemas”, é comum termos essa percepção no chão de fábrica, mas como evidenciar isto através de um indicador?
    Desde já agradeço!

    • Luis Cyrino disse:

      Simples Daniel, você já tem o indicador de Quebras/falhas e os próprios indicadores de MTBF e MTTR que vai te indicar se a máquina está com problemas após a preventiva. Presume-se que pós preventiva uma máquina é para melhorar seus indicadores e esses são os 3 básicos que vai te evidenciar isso.

  8. Thiago Silva disse:

    Muito bom o material. Temos a prática que gostaria de confirmar se está correta: sempre adicionamos “+1” ao denominador do número de quebras, para sempre considerar a quantidade de intervalos e não de quebras. E também viabiliza o cálculo nos meses onde há quebra zero, pois não é possível dividir por 0.

    Ex1: Disponibilidade 100h, 1 quebra de 2h. MTBF = (100-2)/(1+1) = 49
    Ex2: Disponibilidade 100h, 0 quebras. MTBF = 100/(0+1) = 100

    Está correto?

  9. antonio cotrim disse:

    Boa tarde,

    Como posso comparar um MTBF e MTTR de uma mesma máquina quando o seu regime de funcionamento diário não é estável? Por exemplo a máquina A trabalha 5 horas por dia durante 1 mês. A mesma máquina no mês seguinte apenas trabalha metade desse tempo. Ainda no outro mês seguinte trabalha o dobro. Imaginemos que não há nenhum evento de quebra ou falha. Os MTBF são diferentes (neste caso sem nenhum tipo de quebra ou falha tem o mesmo valor das horas trabalhadas.
    Quando analiso o quadro do MTBF terei no 1º mês um MTBF de 150h, no segundo 75 e no terceiro 300h.
    Terei de fazer evidência por escrito?
    Obrigado pelo vosso trabalho

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Antônio, grato pelo questionamento. Isso é muito comum e não tem muito o que fazer quanto ao acompanhamento do indicador mensalmente. Tenho duas opções para resolver isso, primeiro você sempre terá que justificar a variação do MTBF alegando a variação de horas trabalhadas, nesse caso fica difícil você estabelecer uma meta padrão. A segunda opção que acho mais adequada é você sempre ter a opção de também mostrar esse indicador na média dos meses correntes. Por exemplo, se no ano corrente (4 meses) tenho num indicador resultados mensais de 100, 160, 200, 300 horas de MTBF, num outro você teria como mostrar uma média de 190 horas de MTBF como média do ano. O resultado ficaria mais próximo da realidade desse ativo, mesmo com tantas variações de horas trabalhadas de um mês para outro. Espero ter ajudado, dúvidas ou outros questionamentos pode me enviar um e-mail direto.
      luis@manutencaoemfoco.com.br

  10. Rafael disse:

    Boa tarde Luis!

    Parada de máquinas para execução de corretivas planejadas devem ser contabilizadas no MTBF? A máquina não quebrou, porém ficou indisponível para a produção durante xx tempo.

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Rafael grato pelo comentário/pergunta. Normalmente uma corretiva planejada usa um tempo disponível pelo PCP e Produção para que esse trabalho seja realizado. Via de regra essas horas são retiradas do tempo disponível para produção naquele mês e disponibilizadas para manutenção, como se fosse uma preventiva. Portanto não devem ser consideradas como uma parada inesperada (quebra) e não entraria como um evento e horas para o cálculo do MTBF.

  11. Gean Silva disse:

    Rafael, uma parada dita “corretiva programada” entra para calculo de MTBF. Exemplo, um transportador de esteira está soltando tiras, eu paro para cortar a tira de modo a evitar uma parada maior e maior dano ao ativo. Neste caso o MTBF é afetado? Muito obrigado.

    • Luis Cyrino disse:

      Olá Gean, não sei se a pergunta está endereçada a mim, Luis, mas vamos lá. Normalmente somente as paradas em corretiva (paradas inesperadas) é que fazem parte do cálculo do MTBF. Todo tipo de parada de manutenção que seja programada (não contabiliza como parada de corretiva)é porque teve autorização para parar em algum dado momento que seria possível, sem prejudicar a produção, portanto não contabiliza esse tempo no MTBF.

  12. Edgar disse:

    Luis, boa tarde!
    Trabalho no setor elétrico, com geração de energia e utilizamos o MTBF no nosso book de indicadores de manutenção e uma questão que causa muita discussão é como contabilizar as horas de operação de uma usina que tem mais de uma unidade geradora. Por exemplo, o caso que mais ocorre para as hidrelétricas é termos 2 unidades de geradoras (UG), porém o indicador é referente à usina, e não a cada UG. O que temos praticado é fazer uma média das horas de operação no mês das UGs, e dividir pelo somátório de falha das duas. O pessoal da operação defende que deveríamos contabilizar o somátório das horas de operação das UGs ao invés de fazer uma média delas. Eu particularmente discordo, pois em casos que o mês termine sem nenhuma falha por exemplo, o MTBF vai resultar em um valor de horas superior (1440 ou 1488 h) ao quantitativo de horas de um mês (720 ou 744 h). Qual a sua visão ?

    • Luis Cyrino disse:

      O MTBF assim como o MTTR deve ser um indicador individual, para cada unidade geradora, são independentes e precisam gerar seus históricos. É comum fazer o somatório e tirar uma média de uma planta industrial, mas nesse seu caso acredito que não deveria fazer isso. O olhar da gestão precisa ser primeiro no individual, na indústria é assim. Mesmo sendo uma usina, tem muitos outros equipamentos e tudo deve ser medido de modo individual, cada equipamento e/ou unidade geradora tem o seu histórico de manutenção. O modo unificando equipamentos, setores, etc. é comum, mas para se ter uma ideia geral, mas o individual é essencial.

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